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Sede da Funai é ocupada por cem índios de CharruaSede da Funai é ocupada por cem índios de Charrua

Publicado em 17/11/2018, Por Diário da Manhã

"Não vem ninguém até aqui chamar a gente de tropa de vagabundos e atirar em um de nós por nada”, descreve um índio kaigang, da Terra Indígena do Ligeiro, de Charrua, que ocupa a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Passo Fundo. Ele é um dos líderes de um grupo de 100 índios que estão na sede desde quarta-feira (14). Na última quinta-feira, um homem do grupo acabou baleado no pé após desentendimento com um homem que teria passado e insultado os indígenas.

Mas para o líder do grupo, que preferiu não se identificar por questão de segurança, não há dúvida que a ação foi premeditada em razão dos conflitos indígenas de Charrua, motivo pelo qual o grupo saiu da reserva de origem. Em Charrua, há um conflito indígena desde o ano passado. Em algumas oportunidades, a Polícia Federal e a Força Nacional foram até a zona de conflito para garantir segurança, além de prisões.

Ao deixar a reserva, os índios foram ao Ministério Público Federal de Erechim para pedir segurança. Depois, vieram a Passo Fundo. Segundo o líder do grupo, cerca de 500 índios ainda estão em Charrua, mas têm medo de deixar o local e serem atacados. “Deu tiroteio onde nós estávamos acampados. Viemos buscar outro local, com mais segurança. Muitos continuam lá, porque existe o medo de dar mais tiroteio se saírem”, declara.

Segundo o índio, durante o conflito, a lavoura de posse dos kaigang foi tomada por outra tribo, que visam arrendar a terra, acusa. “Eles retomaram a lavoura que a gente tem para arrendarem. Investiram em armas na aldeia, onde sempre teve esse conflito”, conta. De acordo com a liderança, a comunidade que está em Passo Fundo só deixa a Funai após garantia de segurança.

“A gente quer justiça e vamos ficar aqui até que seja resolvido. Nós precisamos de segurança. Aqui mesmo, um dos nossos já levou um tiro. Precisamos de mais segurança. Não vamos voltar para lá sem segurança. Somos naturais da reserva e não podemos ser expulsos dela”, pontua.

 

FUNAI ANALISA PROVIDÊNCIAS

De acordo com a Funai de Passo Fundo, o motivo da ocupação no prédio é em razão de dissidências internas na reserva. A Funai declarou que irá tomar providências, mas que analisa quais delas serão mais efetivas para o caso, que se estende há mais de um ano.

 

“ELES ALI, ATRAPALHAM O TRABALHO DA FUNAI”, DIZ DELEGADO DA PF

A Polícia Federal de Passo Fundo garantiu que só irá intervir no caso após a expedição de um eventual mandado federal de desapropriação de área, o que ainda não existe. De acordo com o delegado da Polícia Federal, Mário Vieira, a comunidade indígena se acostumou em ocupar a Funai após alguma desavença ou incidente nas reservas. “Vamos esperar alguma ação da Funai. Eles [índios] não podem fazer isso. Causam problemas há muito tempo, faz tempo que existe essa briga na aldeia. Não é algo novo. Só iremos intervir se houver mandado federal para desapropriar a área”, declara.

A atitude, entretanto, acaba prejudicando o trabalho dos servidores da Funai e, consequentemente, interfere nas demandas das comunidades indígenas, segundo o delegado. “Eles só atrapalham o trabalho da Funai, porque os servidores não conseguem trabalhar. Atrapalham as demais reservas com esse prejuízo, porque todo trabalho feito para os índios sai da Funai Regional. É um tiro no próprio pé”, conclui Mário Vieira. Recentemente, a sede foi ocupada por índios da Reserva Indígena do Votouro, de Benjamin Constant do Sul, e a Polícia Federal intermediou a resolução do caso.

 

Foto: Mateus Moraes | DM                




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