Pelo menos 15 casos de automutilação foram registrados em escolas da Rede Estadual de ensino em Erechim. As vítimas, na maioria das ocorrências, são meninas com idades entre 12 e 15 anos, que provocam ferimentos no próprio corpo. De acordo com o levantamento realizado pela Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar (Cipave) órgão mantido pela 15ª Coordenadoria Regional de Educação, a desestruturação familiar e casos de violência sexual estariam motivando as ocorrências.
O número assusta, mas ele pode ser ainda maior porque muitos casos não chegam ao conhecimento dos professores. É por isso que desenvolver ações preventivas, de proteção, orientação e amparo são hoje metas para as escolas. Com apoio da Cipave os educandários precisam enfrentar diferentes tipos de ocorrências que envolvem o lado emocional dos estudantes. Os registros de automutilação entre meninas é motivo de preocupação diária em muitos colégios. Segundo a coordenadora da Comissão, Miriam Lúcia De Grandi é preciso enfrentar o problema e buscar soluções. “Nós percebemos que essas ocorrências aumentaram em razão da desestruturação familiar de muitos alunos e também os casos de violência verbal e sexual. Mas imediatamente após o problema ser detectado, o Cipave em conjunto com as escolas e a Rede de parceiros se reúne e busca uma solução. Trabalhamos também ações preventivas. Mesmo que o número de automutilação aumentou neste início de ano em relação a 2018, as iniciativas estão dando certo”, explica.
Chá com conversa
Uma das iniciativas de uma escola de Erechim que detectou o problema em sala de aula é o chamado Chá com Conversa. Em um ambiente tranquilo Cipave, professores e uma psicóloga reúnem as vítimas para uma conversa descontraída. Para aproximar ainda mais o grupo é servido um chá com doces. “Fizemos esse momento para que as adolescentes possam desabafar, falar sobre angústias e medos. Procuramos dar auxílio e força. A conversa também é feita com os pais que precisam entender que a participação da família é fundamental. Eles precisam estar mais presentes na vida desses adolescentes. O trabalho é feito até percebermos que o objetivo foi alcançado”, pondera Miriam.
Sinais de alerta
Miriam também faz um alerta a alguns sinais que podem indicar problemas. “O comportamento para lesão autoprovocada é vivido, muitas vezes, em silêncio. Por isso, é preciso observar algumas situações como o isolamento social; manifestação de tristeza; irritabilidade e crises de raiva. Mais uma vez reforçamos que é importante o esforço das famílias para o estreitamento dos laços com os jovens, dando espaço para escuta e auxílio no enfrentamento dos seus problemas, sempre em busca do diálogo compreensivo e buscando atendimento profissional, quando necessário”, declara.
(FOTO: IMAGEM ILUSTRATIVA)