A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o perfil das casas brasileiras em 2018 apontou que mais de 1,4 milhão de famílias gaúchas adotaram a lenha e o carvão para cozinhar, em substituição ao gás de cozinha, cujos preços vem subindo nos últimos anos.
Na comparação com 2016, são 79 mil famílias a mais. "Dado o peso no orlamento, isso faz, incentiva que você busque alternativas substitutas que amenizam o orçamento do consumidor", analisa o economista Anderson Denardin.
Para os vendedores de lenha, é uma boa notícia. O lenheiro Amauri Graciano comemora o bom momento para o seu negócio.
"Pegam de carro aí, buscam de saco aí. Tudo do jeito que dá. Tudo pra dar uma reduzidinha no orçamento. E já aquece a casa também", observa.
Nas lojas também é possível perceber a preferência do consumidor. Em uma delas, desde o início do frio, já foram vendidos mais fogões a lenha do que em todo o ano passado.
"O pessoal tá pesquisando bastante, mas não tá deixando de comprar. E hoje a procura é muito grande", conta o encarregado de vendas Diego Leonardi.
Por outro lado, as distribuidoras de gás sentiram a diminuição na procura pelos botijões. Em Santa Maria, uma distribuidora fez promoções para não perder clientes.
"Se você não consegue baixar pra população ter a renda pra poder comprar, acaba não aquecendo o comércio. O dinheiro fica parado e não gira. Então vamos ajudar a população, vamos vender um pouco mais barato e ganhar no volume", aposta o gerente Patrick Galiza.
Antes de aderir ao fogão a lenha, no entanto, é bom calcular se vale a pena, como lembra o economista.
"Tem que ponderar de forma muito cuidadosa a questão do impacto que gera no orçamento e efetivamente se isso não vai impactar no risco implica essa mudança, essa busca de alternativas no consumo de combustíveis", comenta.
A dona de casa Mari Terezinha Cordeiro adotou o fogão a lenha tanto no inverno quanto no verão. "Ajuda em tudo. No orçamento, pra secar roupa, em tudo", comenta.
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