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Coronavírus | Com distanciamento social, vírus avança no RS em ritmo moderadoCoronavírus | Com distanciamento social, vírus avança no RS em ritmo moderado

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Publicado em 11/04/2020, Por GaúchaZH

Passado um mês após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Rio Grande do Sul, o governo do Estado divulgou, na noite de quinta-feira (9), um diagnóstico indicando que as medidas de isolamento estão surtindo efeito no combate à pandemia. Ultrapassamos as primeiras semanas no melhor cenário possível, com ritmo relativamente próximo ao do Japão, onde a dinâmica da doença é, por enquanto, menos grave.

Na metade de março, o governo estadual havia projetado três cenários hipotéticos da covid-19 para os primeiros dias de abril. A velocidade de contágio poderia ser "extrema" (ao ritmo de Itália, Irã e Coreia do Sul), "agressiva" (França, Espanha e Alemanha) ou "moderada" (Japão).

No pior cenário, seriam 4,3 mil gaúchos infectados. Em um cenário intermediário seriam 3,5 mil e, na melhor hipótese, 245, segundo estimativas do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Na vida real, foram 410 casos atingidos na sexta-feira passada (3), data que representa duas semanas após a confirmação do 50º caso, quando se estima que exista transmissão comunitária. Ainda que a marca gaúcha seja quase o dobro da japonesa, é muito menor do que uma perigosa curva italiana, francesa ou espanhola.

A importância das medidas de restrição é dada como óbvia também por médicos consultados pela reportagem. Porto Alegre, que concentra quase metade das infecções no Estado, foi uma das capitais que começou a impor limitações cedo, sem esperar que o número de casos confirmados crescesse de forma exponencial.

Mas é preciso ter "cautela" antes de sair comemorando, pontua Ricardo Kuchenbecker, professor de epidemiologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Um ponto importante é que, desde 23 de março, por determinação do Ministério da Saúde, o Brasil só testa casos graves de coronavírus – ficam de fora, portanto, todas as pessoas com sintomas mais leves. Isso prejudica análises sobre um cenário real da epidemia.

Nesta quinta-feira (9), o governador Eduardo Leite decidiu permitir que prefeituras decidam se serviços não essenciais serão reabertos. Na prática, isso relaxa as restrição em todo o Estado.

A situação no Japão é bem menos grave do que na Itália, França ou Espanha — até o fechamento desta reportagem, eram cerca de 5,3 mil casos e 88 mortos em quase três meses, uma taxa de letalidade de 1,64%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Exatamente um mês após a confirmação do 50º caso, o país asiático tinha 620 doentes e 15 mortos. No mesmo período de tempo, o Rio Grande do Sul tem 640 casos, 15 mortes e uma taxa de letalidade de 2,3%.

Comparar Japão e Rio Grande do Sul é arriscado: há 127 milhões de japoneses em uma área perto do Mato Grosso do Sul, contra cerca de 11 milhões de gaúchos. Para além disso, há uma cultura de proteger-se com máscaras ao menor sinal de gripe, relativo respeito às orientação do governo e hábito de cumprimentar a distância. 

Ainda que esteja melhor do que países europeus, o Japão vem sendo fortemente criticado por ter demorado na imposição de quarentena. Entre o primeiro registro e as medidas obrigatórias, passaram-se mais de 80 dias. Foram aplicados também, relativamente, poucos testes: cerca de 64 mil até quinta-feira, contra 503 mil efetuados pela vizinha Coreia do Sul, segundo dados do Our World in Data. O Brasil fez 62.985 testes para detectar  coronavírus, segundo o Ministério da Saúde informou na quarta-feira (8). Já foram distribuídos no país mais de 550 mil exames.

No Rio Grande do Sul, onde as restrições vigoraram mais cedo, o cenário promissor esconde um futuro ainda incerto: a epidemia está longe de acabar, com um crescimento exponencial de casos para ocorrer entre o fim de abril e o início de maio.

— O Rio Grande do Sul está "atrasado" epidemiologicamente em relação a São Paulo e, possivelmente, ainda mais com relação à Europa. Então, temos que aguardar mais tempo e dados para podermos prever. Não chegamos ainda ao ponto da curva onde potencialmente há aumento exponencial de casos. É nesse período que as coisas irão piorar. Temos que testar e nos manter preparados — acrescenta o médico intensivista Fabiano Nagel.





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