Onze indígenas foram presos nesta quinta-feira (25) suspeitos de extorsão e organização criminosa. Eles são da Reserva da Serrinha, que fica entre Três Palmeiras e Ronda Alta, no Norte do Rio Grande do Sul, e são suspeitos de envolvimento em uma tentativa de assassinato na semana passada na região, segundo a Polícia Federal.
Os suspeitos foram flagrados por policiais federais plantando soja em áreas alheias e coagindo agricultores. "Invasão de propriedade alheia e um grande número de índios armados para o fim de coagir as pessoas que estão lá nas suas propriedades plantando", descreveu o delegado da PF Mauro Vinícius Soares de Moraes.
Os 11 suspeitos foram levados para a sede Polícia Federal em Passo Fundo, onde prestariam depoimentos.
Em nota, o advogado dos indígenas informou que a defesa dos presos apresentou "as declarações perante a Polícia Federal esclarecendo que a situação do disparo da arma em agricultor não tem qualquer relação com a situação da flagrância apurada nesta quinta".
A defesa informou ainda que o "cacique e os indígenas aguardam a decisão da Justiça acerca de sua liberdade eis que a aldeia convulsionou em razão desta situação excessiva policial que em nada condiz com a realidade dos fatos" (leia a nota na íntegra abaixo).
Confusão na semana passada
Os agentes foram ao local após terem recebido denúncias de agricultores. Eles já vinham investigando os suspeitos desde a semana passada, quando um confronto entre índios e agricultores terminou com um produtor baleado em uma área particular junto à reserva.
A confusão começou depois que um grupo de índios iniciou plantio de soja na área. O agricultor foi baleado e passou por cirurgia. Ele segue internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo. O estado de saúde dele é estável.
A área particular está em processo de desapropriação, mas o proprietário ainda não foi indenizado, e segue no local. O agricultor que sofreu a tentativa de homicídio, segundo a PF, é neto dele, e foi identificado como Fábio Gazzola. A idade dele não foi divulgada.
Nota da defesa
Defesa dos indígenas presos apresenta as declarações perante a Polícia Federal esclarecendo que a situação do disparo da arma em agricultor não tem qualquer relação com a situação da flagrância apurada no dia de hoje [quinta]. Com o conhecimento pelo autor do disparo acerca da prisão de 12 inocentes em situação de fragrante dirigido prontamente o autor informou a defesa que irá amanhã [sexta] se apresentar e também trará para seu defensor a arma usada na sua defesa a qual possui registro em nome daqueles que faziam a emboscada para ele enquanto o mesmo atuava na atividade agrícola lindeira a aldeia e de propriedade particular inclusive os próprios índios e que prestaram socorro após o disparo único e acidental.
Cacique e os indígenas aguardam a decisão da justiça acerca de sua liberdade eis que a aldeia convulsionou em razão desta situação excessiva policial que em nada condiz com a realidade dos fatos.